quinta-feira, 3 de abril de 2008

Orçamento: governo pode anunciar corte de R$ 20 bi

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou na quarta-feira que o governo deve anunciar nesta semana um corte no Orçamento entre R$ 14 bilhões e R$ 20 bilhões, com ênfase em uma redução das despesas previstas em emendas parlamentares.
Ao programar suas receitas e despesas, o governo vai mirar a meta de superávit primário equivalente a 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB), frisou o ministro. Uma eventual mudança, caso definida, seria anunciada "com transparência".
Bernardo explicou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliará três possibilidades de ajuste no Orçamento baseadas em perspectivas "mais ou menos otimistas" para a economia. Ele classificou os três cenários de "prudente, mais prudente e bem prudente".
Bernardo acrescentou que também será considerado o volume de desonerações decorrentes da política industrial a ser anunciada pelo governo nos próximos dias e o montante de recursos adicionais direcionados à área da saúde em 2008.
Os cortes não afetarão os principais gastos sociais nem obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Evidente que num primeiro momento vamos colocar mais peso nas emendas (...) mas temos que deixar um espaço senão o Congresso vai se sentir desprestigiado", afirmou.
Investimento "irrelevante"O ministro afirmou que o Brasil ainda não foi afetado pela crise externa e que a concessão de grau de investimento é "irrelevante neste momento". "Acho que não faz diferença nenhuma. O que é grau de investimento hoje? Com todo o respeito, essas agências de classificação de risco precisam se classificar também. Para nós, acho que é irrelevante neste momento", afirmou.
Ele argumentou que as agências perderam credibilidade após ativos classificados por elas como de baixo risco terem se mostrado de má qualidade em meio à crise global de crédito.
O ministro também refutou críticas sobre o crescimento dos gastos públicos. Ele ponderou que as despesas com funcionalismo têm caído como proporção do PIB ao longo dos anos e que gastos sociais, como o Bolsa-Família, são indispensáveis para reduzir a concentração de renda e ajudar o crescimento interno.
Para sustentar o crescimento "e não gerar inflação", o governo está interessado em ampliar a oferta de bens e serviços na economia e não em enfraquecer o crédito, afirmou.
"Se houver algum ajuste pontual, alguma coisa que esteja sendo praticada que possa ser considerada excessiva e distorcida e que precise de ajuste nós vamos fazer. Mas, como meta geral, nós queremos que cresça o crédito", ressaltou o ministro.

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