quarta-feira, 30 de abril de 2008

Polícia pede prisão preventiva de pai e madrasta, diz promotor

O promotor Francisco Cembranelli disse nesta quarta-feira (30) que a polícia civil enviou, junto com o inquérito sobre o caso Isabella, um pedido de prisão preventiva de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e da madrasta da garota. Cembranelli afirmou que vai analisar o pedido durante o fim de semana e deve manifestar-se sobre o assunto na terça-feira (6).
O Juiz Maurício Fossen, da 2ª Vara Criminal, que dará a palavra final sobre o pedido de prisão preventiva do casal, também terá acesso ao dados do inquérito. Mas de acordo com Cembranelli a próxima manifestação sobre a prisão deverá partir do Ministério Público. Para ser efetivo, o pedido de prisão preventiva precisa ser endossado por Cembranelli e apreciado pelo juiz.O promotor Cembranelli deixou claro que a partir de agora o caso está exclusivamente nas mãos do Ministério Público, que pode manifestar-se livremente a respeito do assunto, sem ter de ater-se às conclusões da polícia. "Eu vou fazer a descrição que eu considero correta para esse caso. Não estou preso a nada. Vou fazer a minha descrição de acordo com o meu convencimento e com o que a lei me autoriza a fazer. O delegado pode fazer lá uma qualificação por motivo torpe, fútil, e eu não necessariamente preciso seguir isso."
Cembranelli disse que em tese o pedido de prisão preventiva deve atender os seguintes fundamentos legais: indício de autoria e prova de materialidade do crime. "Isso é o básico", afirmou. Além destes dois itens, de acordo com ele, é preciso que haja mais um dos três requisitos: conveniência da instrução criminal, garantia da ordem pública e garantia de aplicação da lei penal. Nesta manhã, o escrivão e o investigador de polícia encarregados de entregar o inquérito do caso Isabella chegaram por volta das 10h20 ao Fórum Regional de Santana, na Zona Norte de São Paulo. Os agentes não falaram com a imprensa.O documento que contém o detalhamento das ações da polícia no caso nos últimos 30 dias servirá como base para que Cembranelli ofereça ou não denúncia contra Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá pela morte de Isabella.A menina, de 5 anos, morreu em 29 de março depois de ser agredida e jogada do 6º andar do prédio onde moram o pai e a madrasta, na Zona Norte de São Paulo. Alexandre e Anna Carolina foram indiciados pelo crime e, para a polícia, são os únicos suspeitos do assassinato. Eles chegaram a ficar uma semana presos.O relatório foi concluído depois de um mês de investigações e do testemunho de 64 pessoas. O documento tem mais de mil páginas.
Para o promotor Cembranelli, os investigadores "têm idéia" de qual poderia ter sido a motivação do assassinato de Isabella Nardoni. “Houve uma circunstância no momento que desencadeou os fatos”, disse na terça-feira (29) Cembranelli, fazendo referência a algo que teria ocorrido na noite de 29 de março. No entanto, ele não deu detalhes da possível teoria da polícia e ressaltou que conhecer a motivação do crime não é fundamental para sua decisão de denunciar ou não Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá à Justiça pelo homicídio. “Já denunciei várias pessoas sem a motivação, só preciso do crime”, disse. Segundo Cembranelli, se denunciado, o casal deve demorar pelo menos um ano para ir a julgamento.

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