sexta-feira, 25 de abril de 2008

Promotor afirma que houve tentativa de esconder provas no caso Isabella

O promotor que acompanha o caso Isabella, Francisco Cembranelli, afirmou na noite desta quinta-feira (24) que os peritos identificaram tentativas de remover os vestígios do assassinato da menina de 5 anos. Ela foi jogada do 6º andar de um prédio na Zona Norte de São Paulo em 29 de março.
Caso Isabella: cobertura completaDe acordo com o promotor, manchas de sangue no apartamento e no carro de Alexandre Nardoni, pai da garota, foram lavadas. Ele diz que os responsáveis serão indicados "no momento oportuno". "Não se sabe exatamente em que momento, mas a perícia comprovou que houve, sim, manipulação (do local do crime). O laudo concluiu que o local foi alterado, que foi manipulado", afirmou.

Além disso, ao ser indagado se Anna Carolina Jatobá, a madrasta de Isabella, teria lavado roupas para esconder manchas de sangue, o promotor afirmou: "Tudo indica que sim".

O promotor reafirmou que Isabella já estava ferida dentro do carro do casal e que alguém tentou esconder as manchas de sangue. "Não há dúvida disso", afirmou. Segundo ele, havia três manchas de sangue no carro e apenas uma apresentava condições para fazer um exame de DNA."É preciso ressaltar que essas manchas foram capturadas com muito sacrifício, elas também foram lavadas e só foram obtidas com luminol. As próprias circunstâncias indicam que eram da Isabella. Nós temos a posição de Isabella, confirmada pelo próprio casal e são marcas bastante significativas", declarou.

O promotor contestou as declarações dos advogados de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, que afirmaram não haver sangue no veículo. "Parece que o laudo não foi lido, então. Evidente que foi feito o exame relacionado a isso e a conclusão é clara, absolutamente clara. Só não vê quem não quer", disse.

Em depoimentos, o avô e a tia da garota, Antônio e Cristiane Nardoni, confirmaram ter passado no apartamento após o crime, mas negaram ter removido provas. "As pessoas que entraram (no apartamento) negaram. Não existe qualquer elemento que determine qualquer responsabilidade pela alteração do local. Isso também vai ser considerado em um contexto e os responsáveis serão indicados no momento oportuno", concluiu.
Janela
Cembranelli afirmou ainda que quem matou Isabella foi cuidadoso ao jogar o corpo da menina pela janela. "Se fosse um monstro, como dizem os indiciados [Alexandre e Anna Carolina Jatobá], ele arremessaria de qualquer lugar, de qualquer jeito. A Isabella foi cuidadosamente introduzida no buraco feito na tela e foi suspensa por um certo tempo pelas mãos", disse. "Se ela tivesse sido arremessada, cairia no granito, os danos físicos seriam muito maiores." Nesta tarde, Cembranelli se reuniu com a delegada-assistente Renata Pontes, do 9° Distrito Policial, onde estão concentradas as investigações. O promotor recebeu uma cópia dos últimos depoimentos e acertou detalhes de como será a reconstituição de domingo. Além do casal, devem participar outras cinco pessoas.Pela manhã, policiais civis estiveram no Edifício London para preparar detalhes da segurança durante a reconstituição do crime, prevista para começar às 9h de domingo (27). Moradores do edifício estão deixando o prédio para evitar os transtornos que serão provocados pelos trabalhos da polícia. "Muitos moradores já até viajaram. Poucos vão ficar no domingo", afirmou o delegado operacional da Zona Norte, César Camargo. A reconstituição vai confrontar a versão dos dois com os depoimentos prestados pelas 62 testemunhas ouvidas pela polícia.

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