Parte do trabalho da perícia nas investigações da morte da menina Isabella Nardoni foi usado incorretamente pela própria Polícia Civil. Alguns dos dados levantados por peritos foram usados em perguntas feitas para Alexandre Nardoni, pai da menina. Segundo informações obtidas pelo Jornal Nacional, não é verdade que havia vômito da menina na camisa dele.Além disso, segundo peritos ouvidos pelo Jornal Nacional, não é possível afirmar categoricamente que havia sangue de Isabella no carro da família. No interrogatório, de acordo com a reprodução do depoimento obtida pela reportagem de TV Globo, a polícia questionou os vestígios que teriam sido encontrados na camisa. O pai de Isabella disse que não sabia explicar o que havia acontecido. Nesta terça-feira (29), informações do trabalho da perícia indicaram que havia uma pequena mancha amarelada na bermuda que Alexandre vestia na noite de 29 de março. Entretanto, na camisa não foram encontrados vestígios do tipo. Segundo peritos, o tamanho reduzido da mancha não permitiu concluir que se tratava mesmo de vômito. O laudo da perícia diz apenas que se trata de uma substância amarelada.Mas os delegados que comandam a investigação trataram esse indício como sendo vômito. Segundo a perícia, os delegados que conduziram o interrogatório fizeram uma interpretação errada. Entretanto, havia vômito na roupa da menina e também no corpo dela, examinado pelo Instituto Médico-Legal.
Sangue no carro
Também houve imprecisão no interrogatório sobre o sangue encontrado no carro da família. A promotoria afirmou nesta terça-feira, que, como alguém tentou limpar as manchas, restaram amostras muito pequenas. Isso inviabilizou o exame de DNA, o único que poderia dizer com certeza absoluta de quem era o sangue. O laudo da perícia diz textualmente: em virtude do pouco material encontrado foi não possível extrair DNA. Mas a acusação se apóia em outras evidências para afirmar que o sangue no carro era de Isabella.Durante o interrogatório do pai, os delegados afirmaram que o sangue era da menina. Eles transcreveram assim a resposta de Alexandre: o interrogado não sabe explicar como o sangue, proveniente do ferimento da testa de sua filha, aparece dentro do seu carro.De acordo com a promotoria, o teste feito na amostra recolhida na cadeirinha de bebê revelou que o sangue tinha características semelhantes ao da menina, embora não seja possível afirmar que se trata de sangue dela.Mas a acusação considera a compatibilidade suficiente para afirmar que o sangue é da menina. “Nós temos a posição de Isabella no carro confirmada pelo próprio casal e são marcas bastante significativas. Isso aliado a outros fatores - eu não pretendo entrar na discussão disso – nos permitem concluir que se tratava de sangue de isabella. A conclusão é clara, absolutamente clara. Só não vê quem não quer", disse o promotor Francisco Cembranelli. A defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá não quis comentar as perguntas que foram feitas ao casal sobre manchas de vômito e sangue. O advogado Marco Polo Levorin afirmou apenas que existem outros pontos favoráveis ao casal no laudo da perícia e que eles serão utilizados oportunamente pela defesa. A delegada-assistente Renata Pontes também não fez comentários e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) respondeu que a delegada não está autorizada a falar sobre o inquérito.
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