O promotor Francisco Cembranelli informou no fim da tarde desta terça-feira (29) que o inquérito sobre o assassinato da menina Isabella só será entregue pela polícia na manhã de quarta-feira (30), porque o relatório final ainda não foi concluído. Além do relatório e das provas, será anexada ao inquérito uma representação da polícia que pede que sejam acolhidos os argumentos para a prisão preventiva do casal, segundo o promotor.
O relatório narra a história das investigações. Trata-se de uma espécie de conclusão do inquérito, que está sendo redigida pela delegada-assistente do 9º Distrito Policial, Renata Pontes.
Francisco Cembranelli disse que vai analisar o inquérito durante o feriado prolongado e poderá decidir se denuncia o casal por homicídio na segunda-feira (5). O promotor informou, no entanto, que só irá se pronunciar oficialmente sobre o caso no dia 6.
Ainda na tarde desta terça, o promotor confirmou que uma rede de hotéis teria feito uma consulta ao crédito financeiro de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. "Existe uma consulta. Isso é fato. Chegou a informação. Ela foi checada e confirmada." Cembranelli disse considerar essa consulta um detalhe importante no momento. "Nesta altura dos acontecimentos, quem faria consulta para estabelecimento de turismo?", indagou.
A defesa do pai e da madrasta de Isabella negou que o casal tenha intenção de deixar a capital. "O casal não pretende fugir. Eles se encontram na residência da família Jatobá em Guarulhos. (Essa questão) não existe”, afirmou o advogado Ricardo Martins de São José Júnior, ao deixar no final da manhã desta terça-feira o 9º DP. O advogado Marco Polo Levorin disse ao G1 ter conversado com o avô paterno de Isabella, Antônio Nardoni, que negou que o casal planeje viajar.
A defesa questionou as suspeitas da polícia quanto a supostos indícios de que o casal se prepararia para sair de São Paulo às vésperas de um possível pedido de prisão preventiva. “Essa informação não procede. Por que essa informação foi veiculada justamente agora? É estranho surgir justamente agora”, disse Marco Polo Levorin.
Motivação
Também nesta terça, o promotor Francisco Cembranelli voltou a dizer que os investigadores "têm idéia" de qual poderia ter sido a motivação do assassinato de Isabella Nardoni. “Houve uma circunstância no momento que desencadeou os fatos”, disse Cembranelli, fazendo referência a algo que teria ocorrido na noite de 29 de março, quando a menina foi espancada e jogada do 6° andar de um prédio na Zona Norte da capital paulista. Entretanto, ele não deu detalhes da teoria da polícia e ressaltou que conhecer a motivação do crime não é fundamental para sua decisão de denunciar ou não Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá à Justiça pelo homicídio. “Já denunciei várias pessoas sem a motivação, só preciso do crime”, disse. Segundo Cembranelli, se denunciado, o casal deve demorar pelo menos um ano para ir a julgamento.
Investigações
A polícia encerrou as investigações no Edifício London. As chaves do apartamento e do carro que Alexandre dirigia no dia do crime já estão na delegacia à disposição da família Nardoni. Na manhã desta terça-feira (29), os advogados do casal foram ao distrito policial, mas não pegaram as chaves. Os peritos que investigam a morte de Isabella estão agora intrigados com uma misteriosa marca de mão suja de sangue encontrada no lençol de uma cama do quarto dos dois filhos do casal. Segundo a perícia, era a mão de uma criança. Mas o vestígio não foi deixado por Isabella, porque ela não tinha sangue nas mãos. O inquérito, que já conta com seis volumes e mais de mil páginas, será concluído com as informações e fotos da reconstituição do crime realizada no domingo (27). Sem a presença dos indiciados, a simulação do assassinato foi acompanhada pelos delegados Calixto Calil Filho e Renata Pontes, do 9º Distrito Policial, no Carandiru, na Zona Norte, e pelo promotor Francisco Cembranelli. Desta forma, não será necessário aguardar a conclusão do laudo da reconstituição, prevista para mais 30 dias, para o encerramento do inquérito. Pelas informações do documento, o Ministério Público deve apresentar denúncia contra o pai e a madrasta da menina na próxima segunda-feira (5).
Questionado
Para a defesa do casal, tudo o que foi produzido na fase do inquérito, como os laudos periciais e os depoimentos, pode ser questionado. “Tudo pode ser submetido ao crivo do contraditório, em que a defesa pode, através de uma postura técnica, questionar o que foi feito”, afirmou Rogério Neres de Sousa, um dos advogados do casal, na tarde de segunda (28), ao deixar o 9º DP, onde buscou cópias dos autos.
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