A epidemia de dengue, que já matou 55 pessoas e já teve quase 57 mil casos comprovados na cidade do Rio, assusta. Mas os cientistas não estão de braços cruzados. Ao contrário, os pesquisadores do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz, desde 1998 trabalham no desenvolvimento de uma vacina capaz de neutralizar os efeitos da doença. Mas apesar de os estudos estarem adiantados, a vacina só deverá estar disponível num prazo de quatro ou cinco anos.
Segundo o vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico de Bio-Manguinhos, Ricardo Galler, há cerca de três anos a pesquisa para a criação de uma vacina contra o vírus da dengue vem sendo implementada. Ele lembra que o desenvolvimento de uma vacina leva em média 15 anos até que ela esteja pronta para ser utilizada pela população. “A maior dificuldade está em obter uma vacina que induza uma resposta imune protetora contra os quatro subtipos de vírus, de forma uniforme e que seja de longa duração”, destacou Galler, lembrando que no Brasil a população está exposta aos subtipos 1, 2 e 3. O vírus do tipo 4, encontrado em países da Ásia e na Venezuela, ainda não entrou no país (embora o relato de um grupo de pesquisadores diga o contrário).
Duas doses antes do verão
A idéia, segundo o cientista, é que vacina induza anticorpos neutralizantes no organismo humano. Ela seria tomada em duas doses, sendo uma provavelmente durante o outono, e outra, no final da primavera. Ou seja, antes do período de eclosão da doença, já que a dengue se alastra mais rapidamente no verão. “Seria ótimo se com a criação da vacina as pessoas ficassem totalmente imunes à dengue. Mas o mosquito Aedes aegypti tem grande capacidade de se reproduzir e de transmitir outras doenças”, disse Galler, acrescentando que para evitar a doença o mais importante ainda é combater os criadouros das larvas, ou seja, as reservas de água parada.
Estratégia mineira
Uma das possíveis respostas para imunizar a população contra a dengue pode ser um outro vírus -- desta vez transgênico, "projetado" para carregar genes dos quatro tipos da doença. A estratégia vai ser testada por Flávio Guimarães da Fonseca e seus colegas do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
"O interessante nesse enfoque é que o vírus que queremos utilizar já foi testado com sucesso nas vacinas contra a varíola", explicou Fonseca ao G1. "O vírus não se replica -- apenas produz a proteína [do vírus da dengue] e morre", afirma o pesquisador. Para conseguir a imunização contra todos os tipos da dengue, os cientistas pretendem produzir um coquetel com proporções iguais de cada variante do causador da doença.
A equipe mineira pretende começar os textos com animais em 2010 e, se tudo der certo, chegar a voluntários humanos entre 2011 e 2012.
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