Dois anos após ter o útero retirado por engano durante uma cirurgia de fístula anal (hemorróida), a vendedora Maria Helena Zibell, 31 anos, que mora no município de Santa Maria de Jetibá, interior do Espírito Santo, ganhou na Justiça o direito de receber uma indenização de R$ 622,50 mensais durante 15 anos. O médico ginecologista Lourival Berger e o Hospital Concórdia de Santa Maria serão os responsáveis em pagar a vendedora. Cada um vai arcar com 50% da quantia. Um dia após ter saído a sentença, no dia 11 de março, tanto o hospital quanto o médico chegaram a oferecer à vendedora um tratamento de inseminação artificial, com a célula-ovo (zigoto) sendo gerada em uma outra mulher. A proposta foi recusada por ela.
O sonho de Maria Helena era ter um filho com o atual marido. Ela já é mãe de um menino, de oito anos, fruto de um relacionamento anterior. A possibilidade de ter o filho gerado por uma barriga de aluguel foi descartada pela família. Futuramente, segundo ela, eles pensam em adotar uma criança. “Eu não quero ter meu filho gerado por outra pessoa. Até porque passo por tantos outros problemas de saúde, inclusive uma depressão muito forte por causa do problema, que não teria condições de criar uma criança. Minha vida mudou completamente depois que fizeram isso comigo. Hoje sou uma pessoa triste que vive diariamente com dores”, afirma a vendedora. Maria Helena Zibell trabalhava como lavradora na propriedade rural onde mora. Por causa das constantes dores, ela teve que deixar o emprego. Hoje, trabalha em uma loja de roupas no centro da cidade. Essa foi a primeira causa que ela ganhou na Justiça. Um processo criminal contra o médico e o hospital ainda tramita no Cartório de 2º ofício de Santa Maria.
Acordo
O valor da indenização foi definido em um acordo perante o juiz responsável pelo caso, Romilton Alves Vieira Junior. O advogado de Maria Helena receberá mensalmente, durante os 15 anos, R$ 124,50, referente a 20% do valor total. O médico Lourival Berger atribuiu a culpa do erro médico a uma enfermeira do hospital Concórdia que, segundo ele, colocou na ficha da paciente uma cirurgia de histerectomia (retirada do útero) ao invés de fistulectomia (retirada da fístula anal). A enfermeira, segundo ele, continua atuando na unidade. A administradora do Hospital Concórdia, Luciana Fioroti, confirmou que a enfermeira e todos os profissionais envolvidos no procedimento médico que acabou retirando por engano o útero de Maria Helena continuam atuando no hospital. Disse ainda que a primeira parcela referente à indenização será paga no próximo dia 10.
Nenhum comentário:
Postar um comentário