Exatamente às 17h40 deste sábado (5 de abril) o maior ícone da história do Coritiba Foot Ball Club deixou oficialmente milhares de torcedores órfãos. Tido como um verdadeiro exemplo de amor e dedicação ao futebol, Evangelino da Costa Neves (carinhosamente conhecido como “Chinês”ou “Campeoníssimo”) foi enterrado no cemitério Parque Iguaçu em Curitiba.
Vítima de uma série de complicações geradas por enfartes, derrames, câncer e diabetes, o presidente mais vitorioso da história do Coritiba não resistiu e descansou. Se foi, mas deixou uma legião de simpatizantes, admiradores e seguidores. Também rivais, mas poucos ou praticamente nenhum inimigo.
Os mais competitivos adversários reconhecem a grandeza da história do eterno presidente Coxa-Branca. O futebol paranaense cresceu muito graças às suas conquistas. Vitórias, títulos e alegrias que transcenderam os limites do bairro Alto da Glória, as arquibancadas do estádio Couto Pereira e mais recentemente dos muros e cercas do CT da Graciosa. História que virou livro, que gerou ensinamentos.
Durante a cerimônia de sepultamento, vários amigos, familiares e uma centena de torcedores deram o último adeus à Evangelino. A bandeira Coxa, como não poderia deixar de ser, foi estendida sobre o caixão do Campeoníssimo.
Pai amoroso, exemplo a ser seguido
Evangelina Neves, ou apenas Nina, era muito ligada ao pai. Cresceu tendo que dividir o amor do Chinês com o Coritiba, que por vezes colocava o time à frente de qualquer coisa. Na última semana, às vésperas de sua morte, reuniu a família, chamou por netos e filhos quando mal conseguia pronunciar uma palavra, e trouxe o sentimento de união a todos. Preparou-os para o inevitável. “Ele descansou. É muito egoísmo da nossa parte querer que ele continuasse a viver assim”.
O mais completo
Um dos amigos mais próximos nos últimos anos foi Domingos Moro. Ao eleger Evangelino como seu mentor e conselheiro, o advogado conseguiu gozar um pouco da sabedoria e dos ensinamentos dele. “Ele foi talvez o maior e o mais completo dirigente que nosso futebol já teve. Ficou ao lado de Jofre Cabral (ex-presidente do Atlético) e José Milani (ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol), mas com certeza foi o mais completo”.
Profissional acima de tudo
Mesmo com a imagem um pouco desgastada, Evangelino entregou para o triunvirato formado por Joel Malucelli, Edison Mauad e Sérgio Prosdócimo, em meados da década de 90, um Coritiba forte e que em breve revelaria um dos maiores meias da história recente do futebol brasileiro: Alex. “Pegamos o clube das mãos dele, que mesmo com a imagem desgastada na época, deixou plantada uma base que nos ajudou muito”.
Títulos e glórias
Campeão estadual uma dezena de vezes, campeão do Torneio do Povo e Campeão Brasileiro da primeira divisão – a maior conquista de todos – são títulos que são creditados a Evangelino. “É preciso destacar, como atual presidente, que nenhum outro presidente alcançou tantas glórias como ele”, disse Jair Cirino, atual presidente do Coritiba.
Exemplo também para os rivais
Os times montados por Evangelino eram sempre grandes equipes. Bons jogadores, técnicos de renomes e plantéis quase imbatíveis. “O Evangelino foi um dos maiores algozes da história do nosso Colorado. Perdemos muitos títulos para o Coritiba”, comentou Aurival Correia, presidente do Paraná. Mario Celso Petraglia, atual presidente do Atlético, maior rival da história Coxa, também lamentou a perda.
Torcida órfã
Neste domingo, quando o Coritiba enfrenta o Toledo pela última rodada da segunda fase do Campeonato Paranaense, uma série de homenagens e manifestações da torcida certamente serão vistas no estádio Couto Pereira. E é justamente a torcida quem vai sentir mais falta do “papa-títulos” Evangelino. “Nos resta orar pela família e guardar as lembranças das conquistas e feitos que ele teve. Fica seu nome na história e na saudade os torcedores do Coritiba”,disse o presidente da torcida Império Alviverde.
Homenagem final
Todos reconheciam constantemente a importância de Evangelino para o Coritiba. Chegou a hora da última homenagem. “Ele sempre foi homenageado por amigos e dirigentes que passaram pelo clube. Agora chegou a hora de fazer a homenagem final. Infelizmente o que nos resta é isso, homenageá-lo”, afirmou o ex-presidente Giovani Gionédis.
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