No início de 2006, quando Monickie Ürbanjos confeccionou o primeiro "bebê" a partir da chamada arte "reborn" ela ainda não sabia que essa viraria a sua profissão. Hoje, essa amazonense de 23 anos radicada em São Paulo vende de 10 a 15 bonecos por mês, com preços que variam entre R$ 1,3 mil e R$ 2,6 mil, em um negócio que já virou até DVD."Eu queria um 'bebê', mas não achei ninguém que vendesse no Brasil. Por isso comecei por hobbie, fazendo o meu próprio boneco", conta. À medida que aperfeiçoou a técnica, a ex-secretária foi divulgando o seu trabalho. "Divulguei algumas fotos e criei um site simples". As vendas explodiram depois que ela foi convidada a fazer uma demonstração na televisão."Logo após a minha participação no programa Domingo Legal, do SBT, recebi 7 mil e-mails dandos os parabéns e solicitando encomendas. Não achava que tanta gente ficaria interessada". A idéia deu tão certo que Monickie foi contratada por uma empresa americana para estrelar um DVD que ensina as técnicas da arte "reborn", referência ao termo renascimento, em inglês."As pessoas ficam muito impressionadas com o realismo dos bonecos. Já cheguei a ser parada por um guarda de trânsito que achou que eu estava levando uma criança no banco da frente. Até tentei argumentar, mas tive que colocar o bebê no banco de trás", se diverte. "Quem compra fica extasiado", completa a empresária, que se autodenomina a pioneira do "reborn" no Brasil."Roupinha de verão" Monickie diz que a arte "reborn" utiliza uma técnica própria para a confecção dos bebês. O material é todo importando e vem em forma de "kits para montar". É só juntar as partes do corpo do boneco e depois pintá-lo. Aí, segundo Monickie, entra o talento do artista. "É um trabalho difícil, pois é preciso pintar o bebê interna e externamente", explica. Entre os detalhes "artísticos" pintados nos bonecos estão veias, unhas, cílios, sombreamentos nas orelhas e até brotoejas. "Os bebês também podem ter sistemas de batimento cardíaco e de respiração". Os cabelos, segundo ela, são em forma de peruca ou então enraizados. Mas não adianta implantar fios de humanos adultos."Não fica a mesma coisa. O fio de um adulto não tem a mesma textura do cabelo do recém-nascido. O mais parecido é o pêlo de cabra angorá", explica. Tanto realismo tem um preço alto. Os valores de um "bebê quase real", como a arte ficou conhecida no Brasil, variam entre R$ 1,5 mil e R$ 2,6 mil. No site de Monickie (www.monickieurbanjos.com), é possível parcelar em cinco vezes no cartão de crédito.A artista conta que existem vários tipos de bonecos. "Existem os bebês que têm um quarto de corpo e os que têm o corpo inteiro. Aí você pode até colocar uma roupinha de verão nele", sugere Monickie. E como o bebê não cresce, os "pais" podem comprar um enxoval inteiro sem se preocupar com o tamanho das roupas. Isso sem falar dos "itens de série"."Todos os bonecos vêm com acessórios de bebê: chupeta, chocalho, mamadeira (com uma mistura que imita leite) e certificado de autenticidade", explica. Na arte "reborn" de Monickie, todos os bebês são únicos, por isso o certificado. "Tem muita gente que tenta fazer pensando apenas no lucro, e não fica a mesma coisa, não utilizam a técnica da arte", justifica.Eliana em miniaturaMonickie diz que seu público é muito variado, mas que concentra pessoas das classes A e B, já que "hobbie" é caro. "Minhas maiores clientes são mulheres acima dos 30 anos, mas também atendo homens que querem presentear suas filhas ou mulheres, e pessoas da terceira idade. Muitas avós não vêem muito o neto encomendam uma réplica da criança", diz.Segundo a jovem, a saudade de entes queridos é um dos motivos que levam as pessoas a encomendar os bebês. Mas ela diz nunca ter confeccionado um boneco quando o pedido veio de pais que perderam seus filhos. "Já houve casos, mas eu consegui convencer essas pessoas que um boneco não substituiria o filho perdido, e elas acabaram desistindo", conta.Se alguns pretendem suprir a falta de alguém encomendando um boneco, outros aproveitam a técnica para eternizar os filhos (ou eternizar a si próprios). Foi o caso das cantoras Kelly Key e Simony, que encomendaram réplicas dos seus filhos a Monickie. Já as cantoras Eliana e Wanessa Camargo solicitaram suas próprias cópias a partir de fotos de quando eram bebês.
Concorrência
Monickie se diz a pioneira da arte "reborn" no Brasil, mas na mesma época que ela confeccionava seu primeiro "bebê", a paulista Erika Presser, 31 anos, fazia o mesmo. "Eu queria uma bebê para mim, uma réplica de um dos meus filhos, mas não encontrei ninguém que fizesse aqui no País. Então pesquisei na Internet, fiz cursos e encomendei os kits", conta Erika.Cobrando de R$ 600 a R$ 1,2 mil por boneco, Erika mantém a arte "reborn" em paralelo com uma atividade ligada ao transporte escolar. A artista conta que vende de dois a 14 "bebês" por mês, e disse que o número de pedidos vem aumentando este ano. "Até agora poucas pessoas conheciam a arte "reborn", mas esse quadro está mudando", disse.
(*terra)
Um comentário:
eu quero comprar uma menina e menino
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