domingo, 13 de julho de 2008

Equipamento revela em três dimensões o feto em gestação

A tecnologia não tem mesmo limite. Já é possível, por exemplo, matar a curiosidade dos pais e revelar em três dimensões como é o corpinho do bebê que ainda está em gestaçãoVocê se lembra do crânio de Luzia, considerada a mulher mais antiga das Américas? O fóssil encontrado em Minas Gerais, na década de 70, teria 11.500 anos. O rosto de Luzia foi modelado pela primeira vez por cientistas ingleses em 1999. Na época, provocou uma revolução: nossos ancestrais não tinham traços indígenas, como se acreditava. Eram mais parecidos com os africanos. Agora, cientistas brasileiros querem um retrato ainda mais fiel da fisionomia de Luzia. Por isso, o crânio está sendo tomografado. A peça, que pertence ao Museu Nacional no Rio de Janeiro, foi para um avançado centro de diagnóstico de imagem. É a primeira etapa de um trabalho que deve durar pelo menos três meses. “Com o uso dessas novas tecnologias, desses novos equipamentos muito mais avançados, você tem um resultado melhor do exame. Você vai fazer uma reconstituição muito mais fiel do que teria sido a feição da Luzia no tempo que ela foi viva”, explicou Sergio Azevedo, diretor do Museu Nacional do Rio. Ao tomografar essas peças os técnicos pensaram: por que não usar a mesma tecnologia para avaliar os fetos no útero? E com isso transformar imagens em algo concreto, tridimensional. Um trabalho pioneiro que poderá ajudar no tratamento de bebês que nascem com problemas. O método revolucionário foi patenteado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e será apresentado no congresso anual de radiologia, que será realizado em dezembro, em Chicago, nos Estados Unidos. A técnica brasileira é quase artesanal: todas as imagens são trabalhadas uma a uma no computador. “Nesse arquivo foram feitas 180 imagens, então tem que trabalhar uma a uma, separar o que é o feto conforme o médico especifica, separar o feto das camadas do útero, 180 imagens, depois gerar, unir essas 180 imagens para gerar uma superfície tridimensional”, explica o pesquisador do INT, Jorge Lopes.
Má-formação
Em sete meses, os protótipos ajudaram a confirmar diagnósticos de más-formações em três bebês. Um deles é Maria Eduarda, que completou seis meses. Durante a gestação, um exame mostrou que o bebê não tinha um dos ossos da perna esquerda, a fíbula. E outros dois, a tíbia e o fêmur, eram mais curtos. É de Maria Eduarda o primeiro protótipo de um bebê ainda no útero. “Às vezes, pequenos detalhes que possam estar passando desapercebidos seja pela ultra-sonografia ou ressonância magnética, como eu somo as duas imagens e traduzo isso no protótipo, que vai poder nos dar alguma informação extra. E aí fica mais fácil a apreciação por aqueles que vão acompanhar essa criança no pós-natal”, explica Heron Werner Jr., ginecologista e obstetra especialista em medicina fetal. Com o protótipo, o médico também pôde ver que Maria Eduarda não tem um dos dedinhos do pé. Atualmente, a bebê faz fisioterapia e deve passar pela primeira de uma série de cirurgias. Para os pais, a nova tecnologia evitou surpresas na hora do parto, e os ajudou a planejar o tratamento. “Até então, nós achávamos que não teríamos muita esperança que ela viesse a andar com o pezinho dela. Mas agora, nós já sabemos que com as cirurgias, ela vai poder andar com o próprio pé dela. Acho que Deus preparou a gente para isso”, diz o fisioterapeuta Eduardo da Silveira Campos, pai da Maria Eduarda. “Ela, de uma certa forma, dá essa força para a gente, ela dá esperança para a gente de que tudo vai dar certo. Isso é o que sinto, como coração de mãe. Né Dudinha?”, diz a dentista Adriana Pinho Campos, mãe da Maria Eduarda.

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