Uma menina de 13 anos foi seqüestrada, e depois sofreu uma série de estupros ao longo de duas semanas, durante uma campanha de terrorismo político no Zimbábue, relacionada às recentes eleições no país. O caso dela é um dos 53 que foram documentados pela Aids-Free World, uma organização que combate a doença em todo o mundo e está investigando o uso do estupro como arma política no Zimbábue, disseram ativistas na quinta-feira, em uma entrevista coletiva concedida durante a Conferência Internacional sobre a aids em curso na Cidade do México.
Betty Makoni, diretora da Girl Child Network, no Zimbábue, disse na entrevista coletiva que "o estupro está sendo usado como arma de intimidação política, para instilar o medo nas pessoas, nas famílias e nas comunidades". As milícias de juventude do governo estupraram cerca de 800 jovens em suas bases, ela estimou. Outras vítimas de estupro incluem mulheres, irmãs, mães e avós de líderes da oposição política do Zimbábue, diz Makoni. Algumas delas eram professoras, líderes comunitárias e até mesmo membros do clero, acrescentou. Algumas foram estupradas diante de seus familiares, e homens foram forçados a estuprar suas sogras. As vítimas muitas vezes eram forçadas a afirmar que não apoiariam mais a oposição, ela disse. "Pesticidas, ripas de madeira e outros objetos foram inseridos nas vaginas das vítimas", disse Makoni. Muitas vítimas procuraram hospitais estaduais para obter tratamento e prevenir a gravidez, o HIV e infecções sexualmente transmitidas, ela disse, mas os hospitais negaram tratamento, mesmo que elas estivessem sofrendo dores e sangrando. As vítimas dizem que os médicos nos hospitais do governo optaram por não tratá-las, por medo das repercussões. A Aids-Free World é uma organização de pressão sediada em Boston que trabalha quanto a questões internacionais referentes à Aids. Stephen Lewis, co-diretor do grupo, anunciou que estava recolhendo provas de estupro e outras atrocidades cometidas na campanha de repressão contra a oposição política do Zimbábue. Estupro e outras atrocidades são há muito parte das guerras e das campanhas políticas de muitos países. Mas as provas para acusações de atrocidade são muitas vezes obtidas apenas muito tempo depois dos crimes aos quais se relacionam. Documentar relatos pessoais agora, bem como recolher provas fotográficas e de laboratórios obtidas logo depois dos supostos crimes, afirma a Aids-Free World, terminaria por possibilitar a apresentação de casos judiciais mais fortes aos promotores públicos, quando um novo governo assumir no Zimbábue, como já aconteceu em outros países. Noah Novogrodsky, advogado especialista em direitos humanos e diretor jurídico da organização, disse que as provas também seriam encaminhadas ao escritório do alto comissário da ONU para os direitos humanos, em caso de possíveis processos por crimes contra a humanidade.O mais recente relatório da ONU sobre a aids afirma que "a violência generalizada contra as mulheres não só representa uma crise mundial de direitos humanos mas também contribuiu para que cresça a vulnerabilidade das mulheres ao HIV".
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