A PF vai investigar os possíveis crimes cometidos no Brasil por um hacker de Taubaté (SP) que foi detido na Holanda, onde ainda está preso, e responderá processo nos Estados Unidos. O homem de 35 anos é acusado pela Justiça de Nova Orleans, em Louisiana, de participar de um esquema que resultou na infecção de mais de 100 mil computadores em todo o mundo. Sua detenção em julho foi resultado de quatro meses de parceria entre agentes do FBI, da Polícia Federal e da polícia de crimes de informática da Holanda. No Brasil, policiais que participaram da Conexão Holanda apreenderam documentos, dez discos rígidos e quatro notebooks, além de 500 CDs e DVDs durante buscas em dois imóveis ocupados pelo suspeito: um em Taubaté e outro em Caraguatatuba. “Vamos analisar todo o conteúdo da apreensão para saber quais os crimes cometidos por esse suspeito no Brasil. Dependendo do que encontrarmos, ele também pode ser processado aqui”, disse Adalton Martins, delegado de polícia federal da unidade de repressão a crimes cibernéticos (URCC). Segundo Martins, ainda não é possível dizer se o Brasil pedirá a extradição do hacker, que deve deixar a Holanda para responder processo nos Estados Unidos. Se condenado pela Justiça norte-americana, ele pode pegar até cinco anos de prisão e três anos de liberdade condicional, além de multa de US$ 250 mil baseados nas perdas causadas às vítimas de sua ação. “Vamos fazer contato com o FBI para continuarmos colaborando no processo de investigação desse caso”, disse o delegado.
Zumbis
Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o brasileiro e um comparsa holandês de 19 anos infectavam computadores para fazer com que essas máquinas disparassem mensagens não-solicitadas, ou spams. Juntos, eles “usavam, mantinham, alugavam e vendiam” uma rede de computadores zumbis, ou botnet, estrutura que visa o controle remoto de computadores. Para isso, os criminosos instalam códigos maliciosos nas máquinas das vítimas, geralmente utilizando um golpe conhecido como phishing scam, deixando assim os PCs sob seu domínio. Muitas vezes o usuário nem percebe a presença dos programas, pois na maioria das vezes a máquina não apresenta diferença em seu funcionamento. Com a chamada botnet criada, o hacker consegue realizar crimes pela internet, como o envio de spams. O criminoso também pode dar um comando para que todos os computadores controlados por ele acessem simultaneamente um site ou servidor de informações, o que torna o tráfego lento para os usuários comuns. Esse tipo de ação pode tirar o site ou servidor do ar. O holandês foi o responsável pela criação da rede, enquanto o brasileiro usava essa estrutura e pagava os servidores onde ela estava hospedada. Entre maio e julho, quando o brasileiro foi para a Europa, os dois concordaram em alugar a botnet para terceiros. Depois disso, eles combinaram de vender a rede por 25 mil euros, o equivalente a R$ 60 mil, mas acabaram sendo detidos. O holandês, também preso na Holanda, será julgado em seu país de origem.
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