Na noite da quarta-feira (2), a Câmara Municipal de
Marialva faz uma homenagem aos 80 anos da Imigração Japonesa em Marialva.
Durante o evento que terá início às 19h30, a ACEM (Associação Cultural
Esportiva Marialvense) receberá título de Moção de Congratulação, Aplauso e
Confiança devido ao trabalho de preservação da tradição nipônica no município.
O advogado,
ex-vereador e membro da diretoria da ACEM, Nelson Yukio Inumaru, afirma ser
impossível desassociar a história da ACEM da história da imigração japonesa no
Município. Ele conta que “Em 1940, antes mesmo de existir Marialva, já havia um
grupo formado por 32 famílias nipônicas que por aqui viviam”.
Folheando um
livro, Nelson mostra, orgulhoso, a foto da equipe de beisebol da ACEM,
vencedora no Campeonato Paranaense de Beisebol que aconteceu na cidade de Assaí
em 1963, e o registro dos participantes do primeiro concurso de canto realizado
em 1969.
A proximidade
entre Marialva e o Japão é visível ao andar pela cidade. Além do monumento
oriental construído na praça ao lado do fórum, entre as ruas Washington Luiz e
Domingos de Moraes, e do templo da Seicho-no-ie, na rua Nossa Senhora do Rocio,
é possível notar a influência nipônica na gastronomia e no comércio local.
Há um ano, Édio
Yasunaka abriu o restaurante Ichiban (em português, “o primeiro”) na Avenida
Colombo. O diferencial do cardápio são os sushis e sashimis preparados com
carinho pela esposa. “95 % da nossa clientela não é japonesa”, observa.
Na rua Formosa,
Takashi Yamamoto mantém a frutaria há mais de 40 anos. Natural de Paraíso do
Norte, ele conta que sua família veio para Marialva em 1957 e que aprendeu com
o pai o ofício do comércio. Pai de três filhos, Takashi diz que nos dias de
hoje é difícil manter a tradição. “A gente até tenta passar para os filhos, mas
a molecada não segue”, lamenta.
Pioneiros na viticultura, na fotografia e no comércio
Há 110 anos, em 19 de junho de 1908, o navio Kasato
Maru ancorava no porto de Santos. 781 japoneses desembarcavam no Brasil. Na
época, o mundo passava por transformações. O Japão, depois de 200 anos de
isolamento, tentava driblar a crise econômica abrindo as portas para o comércio
exterior. O Brasil havia recentemente proclamado a República e abolido a
escravidão e precisava de mão de obra. Atraídos pelo sonho de vida melhor, os
imigrantes tiveram de aprender a conviver com uma cultura totalmente diferente.
Marialva, a 713
km de distância do porto paulista, foi um dos destinos escolhidos pelos
japoneses. Por aqui, eles foram pioneiros no cultivo do café e ajudaram a
construir o município. Sakurai, Miyamoto, Uchimura, Tomita e Yokota foram as
primeiras famílias a se instalarem por aqui em 1937.
Com a “geada
negra” em 1975, muitos produtores tiveram que migrar para outras regiões.
Poucos preferiram permanecer e redesenhar a economia regional, diversificando o
plantio. A saída encontrada por Toshikatsu Wakita e Keiji Yamanaka foi a
viticultura. A opção se mostrou viável e, atraídos pelos bons resultados,
outros produtores locais se dedicaram ao cultivo da uva Itália e demais
variedades – dando à Marialva o título de “Capital da Uva Fina”.
Além da
viticultura, os japoneses também foram pioneiros em outras áreas no Município.
Shigueyoshi Sawaki foi o primeiro fotógrafo profissional de Marialva, Assao
Inumaru, o primeiro alfaiate e a “Casa Alegre”, pertencente à família Sassano,
foi a primeira casa de secos e molhados da cidade.
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