terça-feira, 28 de outubro de 2008

‘Ela sabia que não ia sair viva dali’, diz Nayara sobre Eloá

A adolescente Nayara Silva afirmou na manhã desta segunda-feira (27) que Eloá Cristina Pimentel falava que iria morrer desde o início do seqüestro, que durou mais de 100 horas em Santo André, no ABC. “Ela sabia que não ia sair viva dali”, disse a adolescente, em entrevista por telefone a Ana Maria Braga no programa “Mais Você”.Eloá teve morte cerebral constada após levar um tiro na cabeça no fim do seqüestro, no dia 17. Ela e Nayara foram mantidas reféns por Lindemberg Alves, ex-namorado de Eloá, entre os dias 13 e 17. Nayara foi libertada no dia 14, mas voltou ao cativeiro dois dias depois.A adolescente, que levou um tiro no rosto e saiu do hospital na última quarta-feira (22), diz não se arrepender de ter voltado ao apartamento, mas reconhece o risco. “Se eu visse um caso desses na TV, eu falaria que a menina é louca. Por melhor amiga que fosse, falaria que não faria”, contou. “Mas hoje, eu faria tudo de novo, para poder tirar ela viva dali”.A jovem também admite que desconfiou da abordagem de Lindemberg. “Quando ele falou ‘dá a mão para a Eloá que ela vai sair’ eu não senti muita firmeza. Mas não dava mais para voltar”, afirmou. “Eu não tinha a intenção de voltar, ia fazer só o que ele pediu, ir até lá, chegar, pegar na mão dela e sair.” A jovem disse que, apesar da volta ao cativeiro, esteve bastante tranqüila. “Não sei de onde tirei tanta tranqüilidade.” De acordo com a jovem, durante os dias do cativeiro os três comiam normalmente, e o seqüestrador chegou a deixar as adolescentes tomarem banho. Em um dos dias, Eloá fez comida, e as duas conseguiam dormir – Lindemberg, entretanto, permaneceu acordado o tempo todo.

Amizade

Nayara afirmou que espera contar com o apoio das amigas para superar o ocorrido. "Nós precisamos ficar unidas. A Eloá está fazendo muita falta. Ela mesma me ensinou que uma pessoa nunca substitui a outra. Vai fica um vazio".A adolescente também contou que sonhou com a amiga morta nos últimos dias. "Sonhei que conversava normal com a Eloá, como se nada tivesse acontecido."A jovem, que está no interior de São Paulo junto com a família, afirmou que vai esperar um pouco para voltar à capital paulista e tentar retomar a vida. "Não sei se vou conseguir voltar para a escola. Quero ficar longe um pouco de tudo."

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