O professor de medicina legal alagoano George Sanguinetti questionou as informações prestadas pela perita criminal Rosângela Monteiro na última terça-feira, durante o depoimento das testemunhas de acusação do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. A perita afirmou que uma tabela americana de probabilidades permitiu concluir que o sangue encontrado na cadeira de transporte de crianças do carro da família seria da menina Isabella, filha de Alexandre. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), a perita disse ao juiz Maurício Fossen, do 2° Tribunal do Júri da capital, que a análise da tabela levou à conclusão de que o sangue no carro era de Isabella. Para Sanguinetti, somente a análise do DNA permitiria essa conclusão. "Achei interessante a conclusão. Ela disse que podia afirmar que o sangue era da menina com o uso de tabelas americanas por comparação. Só o DNA pode confirmar de quem era o sangue na cadeira. Não consegui entender isso." Segundo Sanguinetti, esta informação será rebatida por ele durante o depoimento das testemunhas de defesa, que foi agendado para os dias 2 e 3 de julho. "Já anotei isso porque, quando for ouvido, vou questionar." TabelaA presidente da Associação dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (Apcesp), Maria do Rosário Mathias Serafim, confirmou o uso da tabela pela perícia em nível mundial. "A tabela de probabilidades é usada pelo FBI e pela polícia de diversos países. Para contestar essa tabela, teria que contestar o mundo todo. Essa tabela é usada em casos de paternidade, por exemplo." Segundo Maria do Rosário, a representação da entidade movida contra Sanguinetti e a perita aposentada Delma Gama já foi distribuída ao setor competente. "O juiz deve despachar a representação judicial para que o doutor Sanguinetti e a doutora Delma expliquem as bobagens que eles falaram." Durante uma entrevista coletiva concedida no dia 26 de maio, Sanguinetti e Delma teceram pesadas críticas contra o laudo da perícia oficial, considerado por eles como "medíocre e nulo de valor"."Os peritos do caso entraram ontem com uma queixa-crime contra os dois", disse Maria do Rosário. Avaliação Os advogados de defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá vão se reunir nesta tarde para avaliar os depoimentos das testemunhas de acusação. Ricardo Martins de São José Júnior disse que, somente após a reunião, a defesa do casal vai comentar o assunto. "Vamos nos reunir hoje à tarde e definir de que forma vamos levar o posicionamento da defesa ao conhecimento da imprensa." Martins disse que Alexandre e Anna Carolina foram transferidos para as unidades prisionais de Tremembé onde cumprem prisão preventiva ainda ontem. Eles chegaram hoje, por volta de 1h, em carros de transporte de presos da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), escoltados por viaturas da Polícia Militar."Eles foram levados ontem à noite. Não deveremos visitar o casal esta semana, somente os familiares no sábado (Alexandre) e no domingo (Anna Carolina)", disse o advogado.Isabella Nardoni, 5 anos, foi encontrada ferida no dia 29 de março no jardim do prédio onde moram o pai Alexandre Nardoni e a madrasta Anna Carolina Jatobá, na zona norte de São Paulo. Segundo os Bombeiros, a menina chegou a ser socorrida e levada ao Pronto-Socorro da Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu por volta da 0h. O inquérito policial apontou que ela foi agredida, asfixiada e jogada do sexto andar do edifício. No dia 18 de abril, Alexandre e Anna Carolina foram indiciados por homicídio doloso, triplamente qualificado. No dia 6 de maio, o promotor Francisco Cembranelli denunciou e pediu a prisão preventiva do casal, aceita pela Justiça.
Redação Terra
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