Há quase um mês André Luiz Reuter Lima segue internado em coma e em estado grave após ser agredido na cabeça com uma barra de ferro durante uma discussão no trânsito, no dia 23 de maio, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Segundo o chefe do CTI do Hospital Pasteur, Fernando Gjorup, o paciente vem recebendo todo o apoio da família, que o visita diariamente, e no momento não corre risco de vida, mas ficará com seqüelas. “Uma tomografia já indicou que houve lesão numa parte do cérebro. É provável uma seqüela mental e motora dos movimentos do lado direito. O resto é uma caixa de surpresa”, avalia o médico. Gjorup explica que André Luiz respira naturalmente, não toma sedativos e está num coma superficial. “Ele está começando a atender a comandos de dor, abre os olhos quando é chamado com vigor, mas não interage.” Segundo ele, o paciente está no tipo mais brando de coma, mas não há nenhuma previsão de quando irá acordar. “É indefinido. Não tem como prever.”
Trauma nos dois lados da cabeça
Segundo o médico, André Luiz recebe alimentação por sonda e toma medicação para não ter convulsões e antibiótico para tratar uma pneumonia. Ele teve trauma nos dois lados da cabeça, um pela agressão com a barra de ferro e outro pela queda que sofreu. Segundo Gjorup, quando André caiu no chão já estava em coma.Até agora, foram realizadas três cirurgias no paciente, mas outras não estão descartadas. “Ele passou por uma cirurgia no Andaraí, onde foi retirado um osso na região do trauma para aliviar a pressão. O osso retirado foi colocado na barriga do André. No Pasteur, ele fez duas cirurgias. A primeira para drenagem de um hematoma e colocação de cateter para medir pressão intracraniana e a outra para aliviar a pressão do lado onde foi a queda.” Gjorup explica que, nessa última cirurgia, outro osso foi retirado da cabeça e armazenado na barriga. “Esse procedimento chama-se craniectomia. O osso é retirado da calota craniana e colocado na barriga da pessoa. O osso é um tecido vivo e a barriga o alimenta e o mantém vivo.”Tão logo André Luiz acorde e os edemas desapareçam, o osso é recolocado na cabeça.
'Nossa vida virou um infero', diz irmão
Não foi só André Luiz que sofreu com a agressão. A rotina da sua família também mudou muito após o crime.“Nossa vida virou um inferno. Tudo é voltado para ele e para sua recuperação. Temos que resolver seus problemas, as coisas de banco, para não se tornar tudo uma bola de neve. Minha mãe vai todo dia para o hospital. Sabemos que o estado dele é gravíssimo”, explica irmão da vítima, Leandro Alves Pinheiro.Segundo Leandro, André Luiz é divorciado, tem 44 anos, trabalha na Fundação Getúlio Vargas e mora na Tijuca, com os dois irmãos e a mãe. Pai de dois meninos – um de 13 e outro de 14 -, ele costumava passar os fins de semana com os filhos e a namorada.
Filhos ficaram traumatizados
Leandro conta que seus sobrinhos ficaram traumatizados com a cena que presenciaram, mas vão à aula normalmente e fazem atividades extras como luta e natação para ocupar o tempo. “Eles ficaram muito nervosos e têm pesadelos e crises nervosas, porque ficam lembrando da cena toda a hora. Eles eram crianças calmas, mas estão agressivas e brigam muito entre si, apesar de sempre terem sido muito amigos. Estão fazendo acompanhamento psicológico duas vezes por semana. A única coisa que pode diminuir a dor deles é ver o pai bem.” Segundo Leandro, a família não pensa em deixar o Rio e acredita na recuperação de André. “Mudar de endereço não muda o problema. Mudar de endereço é carregar o problema para outro lugar. Eu acredito na recuperação dele. Se Deus quiser. Quero meu irmão vivo. Pela lesão que foi pode ser que haja algum tipo de seqüela, mas vamos fazer o possível para ajudá-lo.”Na 19ª DP, a informação é que o agressor de André Luiz segue preso na Polinter. Acompanhado do advogado, Itamar Campos Paiva se entregou no dia 27 de maio. Segundo o inspetor de plantão, o inquérito policial está praticamente concluído.
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