quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Solenidade comemora 80 anos da imigração japonesa em Marialva


Na noite da quarta-feira (2), a Câmara Municipal de Marialva faz uma homenagem aos 80 anos da Imigração Japonesa em Marialva. Durante o evento que terá início às 19h30, a ACEM (Associação Cultural Esportiva Marialvense) receberá título de Moção de Congratulação, Aplauso e Confiança devido ao trabalho de preservação da tradição nipônica no município.
 O advogado, ex-vereador e membro da diretoria da ACEM, Nelson Yukio Inumaru, afirma ser impossível desassociar a história da ACEM da história da imigração japonesa no Município. Ele conta que “Em 1940, antes mesmo de existir Marialva, já havia um grupo formado por 32 famílias nipônicas que por aqui viviam”. 
 Folheando um livro, Nelson mostra, orgulhoso, a foto da equipe de beisebol da ACEM, vencedora no Campeonato Paranaense de Beisebol que aconteceu na cidade de Assaí em 1963, e o registro dos participantes do primeiro concurso de canto realizado em 1969.
 A proximidade entre Marialva e o Japão é visível ao andar pela cidade. Além do monumento oriental construído na praça ao lado do fórum, entre as ruas Washington Luiz e Domingos de Moraes, e do templo da Seicho-no-ie, na rua Nossa Senhora do Rocio, é possível notar a influência nipônica na gastronomia e no comércio local.
 Há um ano, Édio Yasunaka abriu o restaurante Ichiban (em português, “o primeiro”) na Avenida Colombo. O diferencial do cardápio são os sushis e sashimis preparados com carinho pela esposa. “95 % da nossa clientela não é japonesa”, observa.
 Na rua Formosa, Takashi Yamamoto mantém a frutaria há mais de 40 anos. Natural de Paraíso do Norte, ele conta que sua família veio para Marialva em 1957 e que aprendeu com o pai o ofício do comércio. Pai de três filhos, Takashi diz que nos dias de hoje é difícil manter a tradição. “A gente até tenta passar para os filhos, mas a molecada não segue”, lamenta.

Pioneiros na viticultura, na fotografia e no comércio

Há 110 anos, em 19 de junho de 1908, o navio Kasato Maru ancorava no porto de Santos. 781 japoneses desembarcavam no Brasil. Na época, o mundo passava por transformações. O Japão, depois de 200 anos de isolamento, tentava driblar a crise econômica abrindo as portas para o comércio exterior. O Brasil havia recentemente proclamado a República e abolido a escravidão e precisava de mão de obra. Atraídos pelo sonho de vida melhor, os imigrantes tiveram de aprender a conviver com uma cultura totalmente diferente.
 Marialva, a 713 km de distância do porto paulista, foi um dos destinos escolhidos pelos japoneses. Por aqui, eles foram pioneiros no cultivo do café e ajudaram a construir o município. Sakurai, Miyamoto, Uchimura, Tomita e Yokota foram as primeiras famílias a se instalarem por aqui em 1937.
 Com a “geada negra” em 1975, muitos produtores tiveram que migrar para outras regiões. Poucos preferiram permanecer e redesenhar a economia regional, diversificando o plantio. A saída encontrada por Toshikatsu Wakita e Keiji Yamanaka foi a viticultura. A opção se mostrou viável e, atraídos pelos bons resultados, outros produtores locais se dedicaram ao cultivo da uva Itália e demais variedades – dando à Marialva o título de “Capital da Uva Fina”.

 Além da viticultura, os japoneses também foram pioneiros em outras áreas no Município. Shigueyoshi Sawaki foi o primeiro fotógrafo profissional de Marialva, Assao Inumaru, o primeiro alfaiate e a “Casa Alegre”, pertencente à família Sassano, foi a primeira casa de secos e molhados da cidade.

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