terça-feira, 18 de novembro de 2008

Testemunha-chave diz que não matou jovem em Guarulhos

Considerado testemunha-chave no caso, Leandro Basílio Rodrigues, conhecido como "maníaco de Guarulhos", afirmou nesta terça-feira (18) que não matou uma jovem de 22 anos em 2006 e que confessou o crime "sob tortura". Ele é a quarta testemunha a falar no julgamento em que três homens são acusados do assassinato, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

Diante do juiz Leandro Bittencourt Cano, dos sete jurados, da defesa e da acusação, ele ainda citou o nome de três policiais que o teriam agredido. "Bateram em mim e colocaram saco no rosto", disse ele.

Rodrigues informou que não conhecia Vanessa a não ser pelo o que os policiais haviam falado sobre ela. E revelou que, na segunda vez em que esteve no local do crime com a polícia, o interrogatório ali foi filmado. “Não resisti às agressões e acabei falando o que mandaram”, disse.

Durante a fala ao júri, ele confessou ter cometido quatro crimes graves: dois em Guarulhos e dois em Minas Gerais, sem descrever quais seriam eles. Rodrigues foi ouvido por cerca de 45 minutos. Ele permaneceu algemado e os três acusados da morte da jovem acompanharam o depoimento.

Convicção

O promotor Levy Emanuel Magno afirmou ter a "convicção" de que o crime contra Vanessa de Freitas foi cometido por mais de uma pessoa e negou que o autor do assassinato seja o "maníaco de Guarulhos". Os réus são Renato Correia de Brito, William César de Brito Silva e Wagner Conceição da Silva, acusados de matar a jovem, ex-namorada de Renato.

"O local do crime tem a participação de duas pessoas ou mais. Não é crível que apenas uma pessoa tenha participado. O maníaco não teria como confessar algo que nem sabe como ocorreu", disse Magno.

A prisão de Basílio neste ano provocou uma reviravolta no caso. Na época, o delegado que o prendeu afirmou que o criminoso havia confessado ter matado Vanessa, mais uma de suas vítimas. Com a suposta confissão, os três rapazes foram soltos por se achar que eram inocentes. Eles estavam presos havia dois anos. Como o processo continuou, o júri foi marcado.

Para o promotor Magno, Renato foi o mandante do crime e seus amigos Wagner e Willian, os executores. "O maníaco não tinha relação com a vítima. Não pode ter cometido o crime porque a descrição que ele dá não é compatível com a prova pericial", informou o promotor.

A possível inexistência de relação entre o maníaco e a jovem é um dos principais argumentos para ele "formar a convicção" de que criminoso nada tem a ver com essa história. Magno disse isso, mesmo tendo admitido que não foram feitos exames de DNA no corpo de Vanessa.

Com relação ao fato de a advogada de defesa do início do caso não ter relatado possível cena de tortura presenciada na delegacia, o promotor disse que ela terá de se explicar diante do júri. "Acho estranho a advogada dentro da delegacia ver pessoas machucadas e ajoelhadas e não tomar uma providência. Ela vai ter de explicar isso". A advogada é uma das testemunhas chamadas.

O advogado de defesa dos réus, Augusto Tolentino, afirmou estar "tranqüilo e convicto" de que os jovens serão inocentados. "Nem se Jesus descesse na terra, provaria isso (a culpa deles). O que está nos autos é suficiente". Para ele, é "mentira" que o maníaco confessou a morte de Vanessa sob tortura.

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