quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Paciente de cirurgia de 51 horas é liberado para ver jogo da seleção

O gerente de vendas Onivaldo Cassiano, 50 anos, que se recupera de uma cirurgia que durou 51 horas, foi liberado pela equipe médica do Hospital Evangélico de Londrina (PR) para assistir ao jogo da seleção brasileira de futebol, válido pelas Olimpíadas, nesta quarta-feira (13). A partida é contra os anfitriões chineses.Durante a entrevista , o meia Diego marcou o primeiro gol para a seleção (o Brasil venceu a China por 3 a 0). "Normalmente eu comemoraria mais, só que estou no hospital e o peito ainda dói, por isso vou ver o jogo com muita calma e sem comemoração", disse Cassiano.O paciente disse que espera assistir o restante das Olimpíadas em casa. "Os médicos me informaram que devo receber alta em uma semana. Até lá, espero que possa assistir aos demais jogos da seleção brasileira e, quem sabe, torcer por uma medalha", afirmou.Cassiano lembrou que foi para o hospital no dia 28 de julho e só saiu da mesa de cirurgia dois dias depois. "Comemorei meu aniversário no dia 27 e passei o Dia dos Pais no hospital. Nunca imaginei que minha cirurgia teria essa complexidade toda."Ele disse ainda que só soube do tempo de duração da cirurgia quando saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "Fiquei meio tonto logo depois da operação. Só me contaram que tinha ficado todo esse tempo nas mãos dos médicos no dia 7 (de agosto). Demorou para cair a ficha e acreditar que isso era verdade."
A cirurgia
A cirurgia de Cassiano esgotou o banco de sangue de Londrina. De acordo com o hospital, o procedimento teve início às 7h30 de 28 de julho e terminou às 10h30 do dia 30.O paciente utilizou 400 bolsas de compostos sangüíneos, o equivalente a trocar 20 vezes todo o sangue do corpo. O cirurgião cardíaco que realizou a cirurgia, Francisco Gregori Júnior, 60 anos, contou com a doação de sangue de amigos e familiares para finalizar a operação. Ainda de acordo com o hospital, o gerente de vendas, agora salvo, era portador de um aneurisma na aorta, principal irrigação sangüínea do corpo. De causa indefinida, a anomalia levaria o paciente a uma ruptura do órgão. Durante a cirurgia, a equipe trocaria a aorta e a válvula cardíaca. Após as intervenções, por causa de um problema no fígado, Cassiano sangrava intensamente sem coagulação. Com 36 horas de cirurgia, com a equipe exausta e sem encontrar outra saída, o médico reabriu o paciente e refez todas as ligações, utilizando uma técnica que chamou de marmorização, com a aplicação de uma cola biológica.
Cola
“Em vez de usar as técnicas convencionais, decidi cobrir todas as junções de tecido com o coração com uma cola biológica”, diz o médico . O sangramento diminuiu, mas ainda não havia coágulo. A equipe se revezou por mais de 15 horas, sem sair do centro cirúrgico, segurando o tórax aberto de Cassiano com as mãos, enquanto compressas tentavam conter a hemorragia. “Na hora que começou a chegar sangue fresco, depois de esgotado o estoque da cidade, a coagulação veio mais fácil. Nessa hora, eu sabia que ia coagular e era isso o que nos impulsionava a continuar apesar do cansaço. A cada momento aparecia uma esperança nova e hoje estou orgulhoso porque, como cirurgião, vivemos de insucessos e sucessos”, diz Gregori Junior. Depois de dez dias de UTI e com lenta recuperação, Cassiano passa bem, mas ainda não foi liberado do hospital. “Ele ainda requer cuidados, mas está ótimo. Ele é um homem muito forte para agüentar tudo isso”, afirma. Há 11 anos, Gregori surpreendeu a medicina ao estancar uma hemorragia no coração de uma paciente com cola Super Bonder. Neste caso, segundo o médico, se não fosse usada uma cola biológica, a quantidade de cola Super Bonder poderia lesar o tecido nervoso do paciente.

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