terça-feira, 26 de agosto de 2008

Menino desaparecido há seis dias é encontrado com carroceiros no DF

O menino de oito anos, Crystiam Gabriel de Araújo Mesquita, que estava desaparecido há seis dias, foi encontrado bastante sujo e assustado, no sábado (23), com uma família de carroceiros no Colorado, local próximo a Brasília. Ele tinha sido visto pela última vez no dia 17, em frente ao barraco onde morava em um assentamento da região.“Nesses quatro dias ele ficou com a gente, num barraquinho de lona. Ele ficou lá com os outros meninos, brincando. A gente saía pra trabalhar e ele ficava lá”, conta o carroceiro Feliciano Ramos.O delegado que acompanha o caso tinha se queixado de que a grande dificuldade para encontrar Crystiam eram as poucas pistas. Depois da notícia veiculada pelo DFTV sobre o sumiço, o comerciante Anselmo Machado descobriu o menino.“Eu estava em Sobradinho quando vi a reportagem no DFTV. Por morar na região, comentaram comigo. Eu vim embora com aquilo na cabeça. Chegando perto do Colorado, vi a criança e resolvi conversar com ela. Perguntei quem era, onde morava”.
Maus-tratos
Crystiam morava com a avó em Taguatinga, cidade próxima a Brasília, desde que nasceu, mas se mudou para uma invasão em uma área conhecida com Lago Oeste para morar com a madrasta e o pai. A tia e a avó relatam que Crystiam fugiu porque era forçado a trabalhar e era maltratado pela madrasta.“Ele reclamava que a madrasta batia nele. Teve uma vez que chegou em casa com os polegares queimados. Disse que a madrasta tinha colocado a mão dele na brasa”, denuncia a tia, Kellen Mesquita. A madrasta nega as acusações de maus-tratos. “Eu nunca queimei a mão dele. Nunca!”, ressalta.O pai e a madrastra disseram que não maltratam o menino. “Eu nunca maltratei ele. Tudo que eu faço por esses meninos é na hora certa. Faço almoço, faço tudo”, afirma a madrasta, Placileide Soares. “Isso não acontecia, não. Eu estava lá, presente, e ele mesmo se oferecia pra ajudar”, argumenta o pai, Cristiano Mesquita.“Ele fala que tentou vir pra cá, o ônibus não parou e ele ficou no Colorado esse tempo todo. A gente estava muito angustiada. Estava muito difícil fazer as coisas. Chegamos a pensar no pior”, conta a tia.O delegado-chefe da 35ª Delegacia de Polícia, Márcio Michel, irá investigar se alguém teve culpa no sumiço do garoto. “Nós vamos ouvir o pai, a madrasta e os outros parentes. Queremos saber o motivo desse desaparecimento ou fuga da criança. Assim, vamos encerrar e encaminhar o caso à Justiça”. O inquérito será concluído até quarta-feira (27), para ser entregue à Justiça.
Vida nova
O pai autorizou o menino a morar com a avó, com quem irá viver a partir de agora. “Eu o amo de coração. É bom que ele já voltou, já está com a gente e agora vai ter uma vida nova. Pra ele agora, tudo novo”, promete Edileuza Martins Mesquita. Para não correr riscos, a avó paterna decidiu oficializar a guarda do neto na Justiça.A advogada Suzana Viegas, especialista em direito de família, explica que a guarda precisa ser oficializada e, se ficar provado que o menino foi maltratado, o pai pode ser responsabilizado. “O fato de a criança estar sofrendo maus-tratos pela companheira do pai, pela esposa, não o exime da responsabilidade. Ele pode ser penalizado e a criança pode ser retirada desse lar”.

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