domingo, 24 de agosto de 2008

Com medo de roubo, mineira deixa recado em carro

A administradora de empresas Flávia Alcântara, 34 anos, moradora do Bairro Santa Tereza, na região leste de Belo Horizonte, encontrou uma forma diferente para evitar que o carro dela, um Fiat 147 ano 1984, entre para as estatísticas de carros roubados das grandes cidades brasileiras.
Nos vidros do veículo, ela afixou cartazes com as seguintes frases: "Seu ladrão, favor não roubar; carro sem bateria; carro sem estepe, carro problemático, obrigada pela atenção".
"Eu coloquei as placas justamente para chamar a atenção. Estou apenas evitando o esforço do ladrão que vai roubar um carro que não sai do lugar", afirma. No inicio deste mês, um "gatuno" tentou roubar o automóvel, mas depois que viu que o recado fazia sentido, "ele deixou dentro do carro uma nota de um real. Deve ter ficado com dó de mim," explica. Flávia mora perto de uma agência bancária, por isso a sua rua está sempre movimentada. "Os ladrões não se importam com o movimento e roubam do mesmo jeito". Também próximo à sua casa está localizado o 16º Batalhão da Polícia Militar, mas segundo ela este fato não diz nada."A falta de confiança com a polícia é tão grande, que nem queixa damos. A polícia chega uma hora depois do roubo, e olhe lá", ressalta.O lavador de carros, Blaicon Assis trabalha na rua há 10 anos e destaca que durante este tempo já presenciou mais de 50 tentativas de roubos. "Aqui é muito complicado, e mesmo sendo próximo do batalhão, os moradores nem chamam a polícia, pois sabem que não adianta". A Polícia Militar rebate e diz que em 2008 apenas quatro carros foram roubados e os donos registraram boletim de ocorrência: "É importante que a vítima registre a ocorrência para a PM adotar as medidas necessárias para diminuir o crime no bairro," explica o capitão Anderson Ferreira, do 16º Batalhão da PM em Santa Tereza.O veículo chama a atenção de todos que passam pelo local. "As pessoas acham que é brincadeira e todos debocham". Mas o apego pelo carro é tão grande que Flávia afirma não vender o veículo por nada. "Tenho o 'fitinho' há quatro anos. Os pneus estão carecas, a bateria está sem carga e o estofado rasgado, mas não vendo ele de jeito nenhum. Quero ele aqui até que eu consiga arrumá-lo," afirma.Por enquanto a estratégia da administradora tem dado resultado. Desde que colocou os recados para os ladrões, o carro continua no mesmo local. Ela garante que o motivo é a gentileza das frases nos cartazes."Apesar de ser um ladrão, ter essa profissão, ele é um ser humano, a gente tem que ter respeito por ele. E também porque o recado avisa do esforço desnecessário que o ladrão vai fazer para roubar este carro desse jeito", conclui.

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