O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) sobre o caso Isabella Nardoni, obtido pelo "Jornal Nacional", revela que a menina Isabella teria morrido mesmo se não tivesse sido atirada da janela do prédio no Carandiru, na Zona Norte de São Paulo. O documento que foi entregue à Polícia Civil e ao Ministério Público traz conclusões importantes sobre a causa da morte da menina e sobre os momentos que antecederam o assassinato.
Os três médicos-legistas que examinaram o corpo de Isabella adiaram em uma semana a entrega do laudo. Eles estudaram, consultaram outros especialistas e finalmente chegaram a um consenso. A causa da morte foi asfixia seguida de politraumatismo. Os legistas concluíram que, mesmo antes de ser jogada, Isabella estava condenada à morte pela esganadura que havia sofrido.
Pelo relato dos legistas, é possível concluir que a menina foi esganada dentro do apartamento. O principal indício disso é o fato de que, quando bateu no gramado, a menina ainda estava viva. Isso indica que a asfixia aconteceu minutos antes. Segundo os legistas, se o intervalo entre a esganadura e a queda fosse maior, ela já teria chegado morta ao solo.
Sete minutos
Todo o processo de asfixia, de acordo com os legistas, durou cerca de sete minutos. O agressor apertou o pescoço de Isabella por cerca de três minutos. Com dificuldade pra respirar, ela desmaiou. Ela podia ter se recuperado com massagem cardíaca e respiração boca a boca. Mas, sem socorro, Isabella piorou. Pressão e batimentos cardíacos diminuíram vertiginosamente. Nesse momento, é possível que a menina tenha sofrido uma convulsão. Havia secreções no nariz e nos pulmões dela.
Quando foi esganada, Isabella estava mais baixa do que o agressor - é o que demonstram as marcas das mãos deixadas no pescoço dela. A menina tinha um corte acima do olho esquerdo, de meio centímetro de comprimento e quatro milímetros de profundidade. O ferimento foi provocado por objetos como uma chave ou a ponta de um anel. Há indícios que reforçam a convicção de que Isabella foi asfixiada na sala: a quantidade de sangue encontrada perto do sofá demonstra que a menina ficou parada ali. E o rastro de gotas de sangue, mais intenso na entrada, diminui no caminho para o quarto, o que indica que a menina já estava desmaiada quando foi levada na direção da janela. Ferimento no carro?
A coagulação do sangue no ferimento que Isabella tinha na testa demonstra que ela foi machucada pelo menos dez minutos antes de ser jogada. Essa informação coincide com o laudo da perícia, que encontrou sangue da menina no carro da família. Isso sugere que ela foi ferida antes de subir para o apartamento. A quantidade de sangue na entrada da casa demonstra que ela chegou ferida, mas consciente. A menina tinha ferimentos internos na boca e um corte na língua, provocados pela pressão dos lábios contra os dentes. Trata-se de uma possível tentativa de calar a criança. O impacto do corpo contra o solo, de uma altura de vinte metros e a uma velocidade de 78 km/h, provocou hemorragia interna e fratura no pulso. Os médicos não conseguiram descobrir se a fratura na bacia foi consequência da queda. Existe a possibilidade de que, antes de ser atirada pela janela, Isabella tenha sido jogada violentamente contra o chão.
Doze minutos
Nesta segunda, uma empresa de bloqueio via satélite informou às autoridades que comandam as investigações que o motor do carro de Alexandre Nardoni foi desligado às 23h36 de 29 de março. A partir dessa informação, foi possível calcular um intervalo de 12 minutos entre a chegada do casal ao prédio e a primeira chamada por socorro registrada pelo Resgate.
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