terça-feira, 1 de abril de 2008

BNDES libera R$7,3 bi para Vale investir no Brasil

A Vale obteve do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social a maior linha de crédito rotativo já concedida pelo banco de fomento, no valor de 7,3 bilhões de reais, que serão aplicados em investimentos no Brasil até 2012.
Representando pouco menos de 10 por cento dos investimentos totais da gigante da mineração, de 59 bilhões de dólares nos próximos cinco anos, os recursos têm como atrativo condições favoráveis em um momento de aperto de crédito no mercado financeiro mundial.
O prazo de pagamento é de 10 anos e será ajustado em 80 por cento pela variação do dólar e 20 por cento pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje de 6,25 por cento. O spread será negociado em cada projeto.
O mesmo modelo obtido com o BNDES está sendo negociado pela Vale também com bancos de fomento no mundo todo, principalmente no Japão e China, grandes clientes da Vale, mas também na Alemanha, segundo o presidente da mineradora, Roger Agnelli, que afastou a crise de liquidez no mercado financeiro como motivo desses empréstimos.
"Zero de relação", respondeu ao ser perguntado se o empréstimo no BNDES refletia dificuldade para obter recursos no mercado internacional. "Já fazia parte do nosso projeto de longo prazo, mas vamos também estar acessando o mercado de bônus, fazer o mesmo com outros organismos internacionais", afirmou Agnelli a jornalistas na sede do BNDES nesta terça-feira.
O empréstimo faz parte de uma modalidade de financiamento do banco chamada "limite de crédito", onde o tomador tem os recursos pré-aprovados e aos poucos vai enquadrando os projetos referentes ao finaciamento. No acaso da Vale, foram entregues 18 projetos, entre eles Onça Puma, projeto de níquel no Pará adquirido da canadense Canico Resources, em novembro de 2005.
Outros projetos, como duplicação da Alunorte e expansão da Ferrovia de Carajás, também estão na lista dos cobertos pelos recursos do BNDES.
"Entre os grupos que estão usufruindo (do limite de crédito) a Vale é a mais importante, é um marco histórico para o banco", disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que assinou nesta terça-feira a liberação dos recursos.
Além da Vale, estão com linhas pré-aprovadas de crédito a Gerdau (900 milhões de reais), Grupo Ultra (728 milhões de reais), Usiminas (900 milhões de reais), Braskem (600 milhões de reais), entre outros.
XSTRATA
Segundo Roger Agnelli, que na semana passada anunciou o fim das negociações para a compra da mineradora anglo-suíça Xstrata, por não chegar a um acordo com acionistas, sem descartar uma nova investida, o principal objetivo da Vale é o crescimento orgânico, para onde os recursos do BNDES serão destinados, além da amortização de dívidas.
"A qualquer momento podemos retomar a negociação (com Xstrata), mas a gente não fica apenas em uma negociação, tem outras que a gente continua vendo", disse Agnelli sem informar quais seriam as outras. "A prioridade da Vale é crescimento orgânico, aquisição é oportunidade", complementou.
A empresa pretende atingir 450 milhões de toneladas de minério de ferro em 2012, contra as 295 milhões produzidas em 2007, e está intensificando projetos, principalmente nas áreas de níquel e cobre, para diversificar sua produção.
O maior projeto em andamento é o de Serra Sul, também no Pará, estimado em 10 bilhões de dólares.
"Serra Sul será o maior projeto da Vale, mas estamos dependendo da licença ambiental", disse o executivo.
Prevista para 2012, Serra Sul vai produzir inicialmente de 60 a 70 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.
Agnelli destacou que dos 59 bilhões de dólares que serão investidos até 2012, de 3 a 4 bilhões de dólares referem-se apenas à elaboração dos projetos. "Isso significa investir em inteligência, criar valor para o Brasil", afirmou o executivo.
Reuters


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