sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Tudo pela mobilidade
Celulares a rodo, discussões sobre novas tecnologias e especulações inúteis. Foram esses os principais pratos do Mobile World Congress 2008 (MWC), realizado semana passada, em Barcelona. O evento é restrito a profissionais do setor e atrai muita gente. São 1.3 mil empresas disputando 60 mil visitantes com faro para bons negócios e, principalmente, de olho no futuro. E o futuro, cada vez mais, atende pelo nome de mobilidade. Daí o sucesso crescente do MWC, que deixa Barcelona superlotada na intenção de divulgar, mais do que tecnologia, um certo "estilo de vida", por assim dizer."Em tecnologia, temos sempre que melhorar o que já está disponível e, ao mesmo tempo, mirar no que está vindo", diz Victor Agnellini, presidente da Alcatel-Lucent para América Latina e Caribe. "O que está por vir sempre tem um pouco mais de glamour, porque estamos falando de futuro. Isso vale não só para as empresas, mas também para os indivíduos", diz.VitrineAs fabricantes de celulares aproveitaram bem a vitrine. A Nokia começou apresentando o sistema de navegação em tempo real para celular, o Mapas 2.0. É realmente curioso, principalmente para quem se perde nas caminhadas a esmo pelas cidades. Enche os olhos do povo e a barriga da Nokia, que quer vender, só este ano, nada menos que 35 milhões de aparelhos com esse recurso, tornando-o quase tão onipresente quanto as câmeras.A empresa também apresentou um arremedo do modelo Remade, que está sendo desenvolvido. Trata-se de um aparelho feito de materiais reciclados. Além disso, lançou o N96, sucessor do aclamado N95 mas com memória interna de 16Gb, e o N78, que combina funções de navegação (usa o Nokia Mapas), entretenimento (tem link com a Nokia Music Store) e traz uma função de comunidade online (Share on Ovi). O terceiro lançamento foi o 6220, que traz câmera de 5 megapixels e possibilidade de editar, legendar e compartilhar imagens e vídeos com outros telefones e com a TV. Por último, veio o 6210 Navigator, com GPS integrado para orientação de pedestres.A Nokia é líder (tem 40% do mercado mundial), e nada lhe faltará, mas há analistas cobrando dela que seus aparelhos tenham mais usabilidade - ou yousability, para aproveitar o trocadilho adotado por coreanos da LG, que embarcou na onda touchscreen, enchendo os olhos de quem é louco pelo iPhone. Ou seja, a Nokia estaria atrasada na adoção da tela sensível ao toque que fez do iPhone o sucesso que é.Mais do que isso, yousability retoma a idéia de que o seu celular deve ser adaptado às suas necessidades, e não o contrário. E nada de ficar pulando de menus e fazendo calo de tanto apertar teclas. Resultado: bola dentro da LG, com estande cheio de curiosos o tempo todo. Um dos modelos mais cobiçados era o KF510, slider ultrafino (10,9 milímetros) com câmera de 3 megapixels e tecnologia Touch Sensitive. A inovação? A área de navegação do aparelho substitui o tradicional botão pela tecnologia de sistema Touch Lighting."Esqueletos"A Sony Ericsson mostrou o Xperia X1, primeiro da nova família que roda Windows Mobile. Depois de se render ao Symbian, a SE resolveu dar uma chance ao SO da Microsoft. A Motorola, talvez ressentida pelas consecutivas quedas de participação no mercado, ficou mais recolhida - mesmo assim, mostrou uma TV digital portátil que, infelizmente, não chegará ao Brasil.Propagandeado como a grande novidade desta edição do MWC, o novo sistema operacional para portáteis desenvolvido pelo Google junto com o grupo Open Handset Alliance estava presente nos estandes de vários fabricantes de sistemas usados em celulares, mas sempre como protótipo. Ou seja, pode ter sido frustrante para muitos não haver sequer um modelo prontinho rodando Android. Isso deve acontecer, garantem várias marcas (como LG e Samsung, por exemplo) até o começo de 2009.Nesse ecossistema, cada fabricante de celulares alimenta uma cadeia de dúzias de empresas menores, de hardware e software, a fim de morder a grana do consumidor. É justo, e é nessa que vão se multiplicando fabricantes de LEDs, placas, acessórios, enfeites etc. Além dos aplicativos para controle bancário, GPS, games etc. etc. Sem falar, claro, na chamada indústria de entretenimento adulto, que pretende levar para o seu bolso todas as emoções que a indústria de sexo virtual oferece.
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