O governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), deverá passar a noite na cela especial na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. A decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o habeas-corpus apresentado pela defesa do governador sairá apenas na sexta-feira, segundo informação da assessoria de imprensa do Supremo.
Arruda se entregou à Polícia Federal no final da tarde de hoje, depois que a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou sua prisão preventiva. Arruda é suspeito de envolvimento em um suposto esquema de pagamento de propina.
O advogado Nélio Machado, que representa o governador, considerou a prisão "abusiva, ilegal e desnecessária". A defesa afirma ainda que a decisão do STJ é "inusitada, porque a Constituição garante o direito de defesa"."Foi surpreendente", disse Machado, sobre a decisão.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ingressou no STF nesta quinta-feira com um pedido de intervenção federal. Segundo ele, há "uma verdadeira organização criminosa acastelada no governo da capital da República, com indícios fortíssimos de um esquema criminoso de apropriação e desvio de recursos públicos". O problema atingiria também o Legislativo, na opinião de Gurgel. "Temos uma Câmara dos Deputados em que grande parte dos parlamentares está envolvida nesse mesmo esquema".
A Corte Especial do STJ referendou, por 12 votos a 2, o pedido do ministro Fernando Gonçalves, responsável pelo inquérito que apura as investigações sobre o suposto esquema de pagamento de propina. Votaram a favor da prisão preventiva, além do relator, os ministros Eliana Calmon, Nancy Andrighi, Laurita Vaz, Luiz Fux, João Otávio Noronha, Napoleão Maia, Massami Uyeda, Luis Felipe Salomão, Felix Fischer, Jorge Mussi, Castro Meira. Os votos contrários vieram dos ministros Nilson Naves e Teori Zavascki. O presidente da Corte, ministro Cesar Asfor Rocha, não votou, porque não houve empate.